Anne Sexton
Anne Gray Harvey, mais conhecida pelo nome Anne Sexton – usado após o seu casamento – nasceu a 9 de novembro de 1928, em Massachussets, Estados Unidos. Considerada uma das maiores poetas norte-americanas do século XX, tornou-se figura expoente da “poesia confessional”. Dentre diversos prêmios literários, conquistou o “Pulitzer”, em 1967.
Apesar de uma vida confortável em termos materiais, Anne teve vários problemas familiares durante a infância. Filha de uma escritora frustrada e um executivo de sucesso, ausente e alcoólatra, a poeta frequentemente descrevia o relacionamento com os pais como difícil e até abusivo.
Aos 19 anos casou-se com Alfred “Kayo” Muller Sexton II. Enquanto o marido servia na Coreia, ela passou um tempo como modelo, graças à sua beleza e atributos físicos. Em 1953, nasceu sua primeira filha, Linda e, dois anos depois, sua segunda filha, Joyce.
Os primeiros episódios de depressão de Sexton começam logo após o nascimento de Linda e vão se agravando com o tempo. A poeta sofria da desordem, conhecida atualmente como “transtorno bipolar”, e, ainda em 1953, é internada pela primeira vez em um hospital psiquiátrico. Após dois anos, ela passa a ser acompanhada pelo dr. Martin Orne, que sugere a escrita e a manutenção de um diário como formas alternativas de tratamento. A criação literária então passa a ser o centro da sobrevivência de Sexton.
Em 1957, Anne Sexton une-se a um grupo de escritores em Boston e então conhece outros poetas como Robert Lowell (um dos precursores da chamada poesia confessional), George Starbuck, Maxine Kuminand e Sylvia Plath. Anne passa por uma fase prolífica, em que chega a produzir de dois a três sonetos por dia.
Seu primeiro livro, intitulado “To Bedlam and Part Way Back”, é publicado em 1960. A obra gira em torno de suas experiências de quase loucura e incansável busca por recuperação. Porém, mesmo premiada e aclamada pelo público, a crítica acabava por não levar o trabalho de Anne a sério e reduzi-lo a elementos autobiográficos. Alguns chegaram a chamar sua obra de uma espécie de “novela confessional”.
Em 1963, o suicídio de Sylvia Plath, representa mais um abalo à saúde mental de Anne. Ela chega a contar para seu analista que a amiga havia “roubado sua morte”. Na ocasião, escreve “Sylvia’s Death”, em homenagem à poeta e a suas recorrentes conversas sobre a vida e a morte. No final da década de 60, o transtorno de Anne começa a afetar mais profundamente sua obra, embora tenha continuado a trabalhar arduamente.
Em 4 de outubro de 1974, Anne tira sua própria vida, após cinco tentativas frustradas. Ela colocou um grande casaco, trancou as portas e aumentou o volume do rádio. Em seguida, ligou o carro e deixou-se morrer por inalação de monóxido de carbono. Após a sua morte, Anne Sexton teve diversas obras póstumas publicadas.
Em 1994, Linda Gray Sexton, filha de Anne Sexton, lançou o livro “Searching for Mercy Street: My Journey Back to My Mother” em que conta, dentre outras revelações chocantes, ter sido sexualmente abusada pela mãe. A publicação causou grande polêmica ao revelar uma personalidade violenta de Anne Sexton, porém ainda geram dúvidas em relação à veracidade dos fatos.
Anne Sexton faleceu no dia 4 de outubro de 1974, em Weston, Massachusetts, EUA.
Poemas de Anne Sexton:
Em Celebração do Meu Útero
Tudo em mim é um pássaro.Adejo com todas as minhas asas.Queriam extirpar-temas não o farão.Diziam que estavas incomensuravelmente vaziomas não estás.Diziam que estavas doente prestes a morrermas estavam errados.Cantas como uma colegialTu não estás desfeito. Doce...
Menstruação aos Quarenta
Pensava num filho.O ventre não é um relógionem um sino que toca,mas no décimo primeiro mês da sua vidasinto o Novembrodo corpo assim como o do calendário.Daqui a dois dias será o meu aniversárioe como sempre a terra terá entregue a sua colheita.Neste tempo procuro a...
Mais do que Eu Mesma
Não que isso fosse bonito,mas que, no fim, houveum certo senso de ordem ali;algo que valesse a pena aprendernaquele diário estreito da minha mente,nos lugares comuns do asiloonde o espelho rachadoou minha própria morte egoístame encarou fixamente...Eu bati na minha...