Raul Bopp
Raul Bopp nasceu no dia 4 de agosto de 1898 , em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Considerado um dos mais importantes poetas brasileiros da Primeira Geração do Modernismo, participou com destaque da Semana de Arte Moderna, de 1922. Sua principal obra, o livro “Cobra Norato” é tratada como uma das melhores realizações do Movimento Antropofágico. Por causa disso, recebeu o Prêmio Machado de Assis, em 1977.
Descendente de alemães, Raul Bopp sempre foi um apaixonado pela cultura brasileira. Em 1914, fez várias viagens pelo país para aprofundar conhecimentos e incorporar elementos da cultura indígena e do folclore nacional à sua literatura. Em 1920, percorreu a Amazônia, extraindo da natureza dessa região os motivos para a elaboração de uma futura obra. Nesse período, passou a integrou o grupo paulista do modernismo, de cujas correntes verde-amarelas (“Pau-Brasil”) e antropofágicas fez parte, ficando amigo de autores já bastante reconhecidos na época, como Oswald de Andrade, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade.
Inspirado em sua ida à Amazônia, em 1931, Raul Bopp publica o poema narrativo “Cobra Norato”. A ideia inicial da obra era um livro para crianças, mas com uma estrutura épico-dramática, influenciada pelo cubismo europeu, logo tornou-se um documento de valor definitivo do Movimento Antropofágico. A história narra as aventuras de um jovem que estrangula a Cobra Norato na selva amazônica.
Raul Bopp faleceu aos 85 anos, no dia 2 de junho de 1984, na cidade do Rio de Janeiro.
Poemas de Raul Bopp:
Monjolo
Chorado do Bate-Pilão Fazenda velha. Noite e dia Bate-pilão. Negro passa a vida ouvindo Bate-pilão. Relógio triste o da fazenda. Bate-pilão. Negro deita. Negro acorda. Bate-pilão. Quebra-se a tarde. Ave-Maria. Bate-pilão. Chega a noite. Toda a noite Bate-pilão. Quando...
Coco de Pagu
Pagu tem os olhos moles uns olhos de fazer doer. Bate-côco quando passa. Coração pega a bater. Eh Pagu eh! Dói porque é bom de fazer doer. Passa e me puxa com os olhos provocantissimamente. Mexe-mexe bamboleia pra mexer com toda a gente. Eli Pagu eh! Dói porque é bom...
Cobra Norato
(fragmentos) I Um dia ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim. Vou andando, caminhando, caminhando; me misturo rio ventre do mato, mordendo raízes. Depois faço puçanga de flor de tajá de lagoa e mando chamar a Cobra Norato. — Quero contar-te uma história: Vamos...
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