Rubén Darío
Félix Rubén García Sarmiento, mais conhecido como Rubén Darío, nasceu a 18 de janeiro de 1867, em Metapa, hoje Ciudad Darío, na Nicarágua. Iniciador do Modernismo literário em língua espanhola, é considerado um dos principais escritores latino-americanos de todos os tempos, sendo aclamado como o “Príncipe das Letras Castelhanas”.
A formação poética de Rubén Darío teve forte influencia da poesia francesa, em suas diversas fases e movimentos: começou pelos românticos, especialmente Víctor Hugo, seguido dos parnasianos, como Théophile Gautier, Catulle Mendès e José María de Heredia. Por último, e que acaba por definir a estética dariana, os simbolistas, principalmente Paul Verlaine.
A visão modernista de Darío aparece no livro “Prosas Profanas e Outros Poemas”, publicado em 1986, onde o erotismo é um dos temas centrais. Sua obra, no entanto, tem um aspecto peculiar e que se diferencia de outros poetas amorosos: não há uma só amada ideal, e sim muitas amadas passageiras. Ele utiliza, para isso, recursos que criam cenários exóticos -povoados de sátiros, ninfas, centauros e outras criaturas mitológicas – longínquos no espaço e no tempo, em lugares como a França do século XVIII, a Itália e a Espanha medievais.
A partir de 1905, quando publica “Cantos de vida e Esperança”, Darío apresenta uma linha mais intimista e reflexiva, sem renunciar a sua identidade modernista. Mesmo com todo seu apego ao sensorial, a poesia de Ruben Darío também atravessa profundas questões existenciais sobre o sentido da vida.
Consciente da decadência espanhola, tanto na política como na arte, Rubén Darío teve também uma faceta social e cívica. Os temas hispânicos começaram a permear a sua obra, inspirados por personagens emblemáticos e elementos do passado, como, por exemplo, Dom Quixote. Escreveu poemas para exaltar esses heróis e suas nacionalidades, assim como para criticar ou denunciar os males sociais e políticos da época.
Porém, nem todos os poemas de Darío foram publicados em livros. Muitos deles foram apresentandos em publicações periódicas, sendo recompilados depois da sua morte.
Rubén Darío morreu no dia 6 de fevereiro de 1916, em León, na Nicarágua.
Poemas de Rubén Darío:
A Machado de Assis
Doce ancião que vi, em seu Brasil replenode fogo e vida e amor, todo graça e eutimia.Moreno que da Índia teve a aristocracia;aspecto mandarino, língua de sábio heleno. Aceita esta lembrança de quem ouviu uma tardeem teu divino Rio tua palavra nobre,dando ao orgulho...
O Inevitável
Feliz da árvore que apenas sensível é,E mais ainda a pedra dura, porque nada sente,Porquanto maior dor não existe do que a de vivo estar,Nem tristeza maior do que da vida a consciência. Ser, e não saber nada, vagar sem norte,Com o temor de haver sido e um terror do...
Amo, Mas
Amar, amar, amar, amar sempre, com todoO ser e com a terra e com o céu,Com o claro do sol escuro do lodo:Amar por toda ciência e amar, por todo desejo,E quando a montanha da vidaNos seja dura e longa e alta e cheia de abismos,Amar a imensidade que é de amor acesaE...
Passa e Esquece
Peregrino que vais buscando em vãoUm caminho melhor que teu caminho,Como queres que te dê a mão,Se meu estigma é teu estigma, peregrino?Não chegarás jamais a teu destino;Levas a morte em ti como o vermeQue te rói o que tens de humano...O que tens de humano e de...
Hipe
Eu sei da fêmea humana a original infâmia.Vênus lhe anima astuta as máquinas desleais;sob os radiantes olhos riem males fatais;de seu floral perfume se exala sutil dano;seu crânio escuro alberga bestialidade e engano.As formas puras tem de uma ânfora, eletrizacom um...
A Morte! Eu bem a vi
A Morte! Eu bem a vi. Não é triste nem seca,não carrega uma foice, nem tem a face peca.É semelhante a Diana, casta e virgem como ela;no rosto o encanto, a graça tem da núbil donzelae leva uma grinalda de rosas siderais.Tem na sinistra mão verdes palmas triunfaise na...
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