Fernando Echevarría
Fernando Echevarría Ferreira nasceu a 26 de fevereiro de 1929, em Santander, na Espanha. Apesar da origem espanhola, possui cidadania portuguesa, onde vive desde os 2 anos de idade. É um dos poetas mais premiados do país sendo traduzido em diversos idiomas. Ávido militante político, foi um dos idealizadores do “LUAR” (Liga de Unidade e Ação Revolucionária), de oposição à ditadura Salazarista, durante a década de 60.
Filho de pai português e mãe espanhola, Fernando Echevarría, ainda bebê, saiu de Santander exilado com a família. Foi morar em Portugal, na freguesia de Grijó, Vila Nova de Gaia. Aos 27 anos, em 1956, iniciou a sua trajetória como escritor publicando o seu primeiro livro, “Ente Dois Anjos”. A obra, apesar de inicial, já apresentava uma faceta única de sua vertente poética: a habilidade singular de ritmar as palavras.
Entre 1961 e 1974 viveu emigrado em Paris. Na capital francesa se aproximou de oposicionistas portugueses exilados. Aderiu ao Movimento de Ação Revolucionária (MAR), aproximando ao chamado “Grupo de Argel” e também do general Humberto Delgado que veio exilado do Brasil, em 1964. Nesse período ajudou a fundar o LUAR, com o intuito de impedir que o líder revolucionário Hermínio da Palma Inácio fosse preso, pela Polícia Francesa, pelo roubo do dinheiro do Banco de Portugal da Figueira da Foz.
Mesmo em meio às atividades políticas, Fernando Echevarría jamais deixou a literatura de lado. Em relação à poesia, sempre escreveu em português, ocasionalmente nas línguas castelhana e francesa. Prolífero, possui extensa obra que cultiva a lucidez o recurso possível para a compreensão da existência. Para isso, utiliza formas rimadas e bastante melódicas em poemas pequenos e concisos.
Dentre os prêmio mais importantes de Fernando Echevarría, destacam-se: o Prêmio de Poesia do Pen Club, de 1982; o Grande Prêmio de Poesia Inasset, em 1987; o Grande Prêmio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 1991; a primeira edição do Prêmio Nacional de Poesia António Ramos Rosa em 1999; o Prêmio Sophia de Mello Breyner Andresen, em 2007.
Poemas de Fernando Echevarría:
Os Vivos Ouvem Poucamente
Os vivos ouvem poucamente. As plantas, como o elemento aquático domina, são dadas à conversa. A menor brisa abala a urna de concórdia estremecida que, assim, sensível, se derrama e é solidão solícita. Os vivos não ouvem nada. Mas, havendo acedido a essa malícia de...
Qualquer Coisa de Paz
Qualquer coisa de paz. Talvez somente a maneira de a luz a concentrar no volume, que a deixa, inteira, assente na gravidade interior de estar. Qualquer coisa de paz. Ou, simplesmente, uma ausência de si, quase lunar, que iluminasse o peso. E a corrente de estar por...
Amor à Vista
Amor à Vista Entras como um punhal até à minha vida. Rasgas de estrelas e de sal a carne da ferida. Instala-te nas minas. Dinamita e devora. Porque quem assassinas é um monstro de lágrimas que adora. Dá-me um beijo ou a morte. Anda. Avança. Deixa lá a esperança para...