Euclides da Cunha

Poetas

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1866, em Cantagalo, cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro. Autor de “Os Sertões”, obra em que narra e analisa os acontecimentos da histórica Guerra de Canudos, é um dos mais importantes e estudados escritores da literatura nacional. Membro da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira nº 7 da ABL (entre os anos de 1906 e 1909) em substituição ao também poeta Valentim Magalhães.

Segundo o próprio Euclides, durante discurso de posse na ABL, ele era um “escritor por acidente”. Teve formação educacional militar, estudando na Escola Politécnica e na Escola Militar da Praia Vermelha, tornando-se soldado. Enquanto primeiro-tenente, passou também a trabalhar como jornalista no impresso “A Província de S. Paulo” (hoje conhecido como “O Estado de S. Paulo). Em 1897, foi enviado como correspondente para cobrir a Guerra de Canudos, conflito na Bahia entre os sertanejos, liderados por Antônio Conselheiro, contra o Exército Brasileiro. Os escritos diários desse acontecimento resultaram na publicação de “Os Sertões”, obra que passou a ser considerada um símbolo do movimento pré-modernista, influenciadas pelo regionalismo e neologismo.

Em relação à poesia, Euclides da Cunha também pode ser considerado um grande “interprete” das raízes brasileiras. Com uma percepção que fugia à realidade urbana das grandes metrópoles, ele abraçava a cultura interiorana, principalmente a do homem sertanejo, do agreste, com o objetivo de aprofundar a identidade nacional em sua cabal essência. Euclides também tinha como hábito escrever poemas dedicados a seus amigos e outros escritores como Coelho Neto, Gonçalves Dias e Lúcio de Mendonça. À sua esposa, Ana Emília Ribeiro, mais conhecida como Anna de Assis, o poeta também dedicou diversos versos.

Contudo, foi justamente o casamento com Anna de Assis a parte trágica de sua vida. Ao saber da infidelidade da esposa, que teve dois filhos com Dilermando de Assis, um jovem cadete 17 anos mais novo do que ela, Euclides, em defesa da honra, entrou armado na casa do amante disposto a matá-lo, porém acabou morto. O caso ficou conhecido como a “Tragédia da Piedade”. Dilermando, apesar de confessar em julgamento, foi absolvido pela justiça militar. No final, ele acabou casando com Anna.

Euclides da Cunha morreu no Rio de Janeiro, no dia 15 de agosto de 1909. O seu corpo foi velado na ABL.

Poemas de Euclides da Cunha:

Há Nos Teus Olhos Escuros

Há nos teus olhos escuros Tantas centelhas, que ao vê-las Penso na treva e nos brilhos Das noites cheias de estrelas... Penso em cousas singulares, Indagando entre delírios: Por que é que os céus inda brilham? Por que não se apaga Sírius?

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Soneto

(Dedicado a Anna da Cunha) "Ontem, quanto, soberba, escarnecias Dessa minha paixão, louca, suprema, E no teu lábio, essa rosa da algema, A minha vida, gélida prendias... Eu meditava em loucas utopias, Tentava resolver grave problema... _ Como engastar tua alma num...

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Rimas

Ontem _ quando, soberba, escarnecias Dessa minha paixão _ louca _ suprema E no teu lábio, essa rósea algema, A minha vida _ gélida _ prendias... Eu meditava em loucas utopias, Tentava resolver grave problema... _ Como engastar tua alma num poema? E eu não chorava...

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A Flor do Cárcere

Nascera ali _ no limo viridente Dos muros da prisão _ como uma esmola Da natureza a um coração que estiola _ Aquela flor imaculada e olente... E 'ele' que fora um bruto, e vil descrente, Quanta vez, numa prece, ungido, cola O lábio seco, na úmida corola Daquela flor...

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Comparação

"Eu sou fraca e pequena..." Tu me disseste um dia. E em teu lábio sorria Uma dor tão serena, Que em mim se refletia Amargamente amena, A encantadora pena Quem em teus olhos fulgia. Mas esta mágoa, o tê-la É um engano profundo. Faze por esquecê-la: Dos céus azuis ao...

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A Cruz da Estrada

(A meu amigo E. Jary Monteiro) Se vagares um dia nos sertões, Como hei vagado _ pálido, dolente, Em procura de Deus _ da fé ardente Em meio das soidões... Se fores, como eu fui, lá onde a flor Tem do perfume a alma inebriante, Lá onde brilha mais que o diamante A...

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Gonçalves Dias (Ao pé do mar)

Seu eu pudesse cantar a grande história, Que envolve ardente o teu viver brilhante!... Filho dos trópicos que _ audaz gigante _ Desceste ao túmulo subindo à Glória!... Teu túmulo colossal _ nest'hora eu fito _ Altivo, rugidor, sonoro, extenso _ O mar!... O mar!... Oh...

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Tristeza

Ai! quanta vez _ pendida a fronte fria _ Coberta cedo do cismar p'los rastros _ Deixo minh'alma, na asa da poesia, Erguer-se ardente em divinal magia À luminosa solidão dos astros!... Infeliz mártir de fatais amores Se ergue _ sublime _ em colossal anseio, Do alto...

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Ondas

Correi, rolai, correi _ ondas sonoras Que à luz primeira, dum futuro incerto, Erguestes-vos assim _ trêmulas, canoras, Sobre o meu peito, um pélago deserto! Correi... rolai _ que, audaz, por entre a treva Do desânimo atroz _ enorme e densa _ Minh'alma um raio arroja e...

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